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Em derrota para Evo, resultado parcial aponta 2º turno na Bolívia

Divulgação


Contrariando as expectativas, o resultado parcial da eleição na Bolívia apontou um provável segundo turno entre o presidente Evo Morales e o ex-mandatário Carlos Mesa. 
Com 89% das urnas apuradas, Evo tinha 45,7% dos votos contra 37,8% do rival —matematicamente, portanto, ainda era possível que o atual presidente vencesse em primeiro turno, embora a hipótese fosse improvável. 
Para vencer a eleição sem precisar de um segundo turno (marcado para 15 de dezembro), são necessários mais de 50% dos votos ou 40% com uma diferença de mais dez pontos percentuais em relação ao segundo colocado. 
Às 22h40 no horário local, o Tribunal Supremo Eleitoral interrompeu a apuração dos votos e informou que iria retomar a contagem na segunda-feira (21). A Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu publicamente que o tribunal explique por que a contagem foi interrompida.
O opositor Mesa comemorou o resultado das urnas mesmo antes do fim da apuração. “Estamos no segundo turno, agradeço a todos vocês, agora é uma disputa nova” afirmou ele a apoiadores.
 
O atual presidente, porém,  disse ainda estar confiante na vitória imediata, principalmente porque ainda faltam apurar os votos dos eleitores da região rural, que costumam apoiá-lo.  

“O povo boliviano quer o processo de mudança, e nós confiamos no voto rural e vamos esperar a contagem até o final, até o último voto”, afirmou ele da varanda do palácio Quemado, sede do poder Executivo, em La Paz.  “Estamos enfrentando a uma direita vinculada ao passado, e vamos ganhar. O povo boliviano está convencido de nossa revolução, não vamos voltar ao passado”, completou Evo.
Antes do pleito, a maior parte das pesquisas apontava uma reeleição presidente em primeiro turno ou, ao menos, uma vantagem maior dele sobre Mesa. Historicamente, porém, os levantamentos no país têm problemas. 
Segundo a apuração parcial, em terceiro e quarto lugares, com os votos agora a serem disputados pelos dois competidores, ficaram o pastor evangélico de origem coreana Chi Hyun Chung, com 8,7%, e em quarto o senador de direita Óscar Ortiz, com 4,4%, que já declarou seu apoio em uma nova votação. 
“O povo decidiu que haverá segundo turno e apoiaremos Carlos Mesa”, afirmou Ortiz pouco depois da divulgação dos resultados parciais. Chi também anunciou apoio ao opositor na sequência. 
O dia de eleições foi de tranquilidade em todo o país, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral, em entrevista a jornalistas ao final da votação. 
Enquanto em La Paz não foram registrados atos de violência, em Santa Cruz de la Sierra, onde é mais forte o movimento Evo, houve protestos e repressão por parte das forças de segurança. No total, foram realizadas mais de 100 detenções, segundo a política local.
O grupo preso faz parte do movimento "Bolivia Dice No" (a Bolivia diz não), que, desde o referendo de 2016 --cujo resultado foi a rejeição de que Morales participasse de no pleito-- vem realizando manifestações defendendo que a postulação do presidente para um quarto mandato é ilegal.
Esse questionamento também foi levantado em instâncias internacionais. Na manhã de hoje, o ministério das relações exteriores da Colômbia emitiu comunicado anunciando que o presidente Iván Duque apresentaria junto à Corte Interamericana de Direitos Humanos uma consulta sobre a validade da candidatura de Evo Morales.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro já havia feito reprimendas públicas às ambições de Morales. Porém, em maio, passou a declarar que a postulação era justa e legal, depois de uma visita ao país. 
Já na região do altiplano e em El Alto, vizinho a capital, o clima era de tranquilidade, mas a população tinha que caminhar longas distâncias para poder votar. 
Em El Alto até há grandes centros de votação, mas, sem transporte público no dia da eleição, é preciso andar.
No pleito deste domingo, Evo disputou o quarto mandato, e seu principal rival é o ex-presidente Mesa.
O centro-esquerdista vem atraindo os votos de quem crê que uma reeleição de Evo seria um ataque à democracia. 

Estão com ele parte do eleitorado urbano, que realizam atos para que seja respeitado o referendo de 2016, cujo resultado foi "não" à ambição de Evo de concorrer outra vez, e indígenas que se desiludiram com o presidente.
 Folhapress

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