PM é um dos suspeitos de tentar matar homem por causa de beijo gay
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| (Foto: Reprodução) |
Um policial militar é um dos três suspeitos de participação na tentativa de homicídio contra Marcelo Macêdo, 33 anos, ocorrida em Camaçari, no domingo (20). A polícia investiga se ele é o autor dos disparos contra a vítima, que segue internada no Hospital Geral de Camaçari (HGC) e sem previsão de alta médica. O PM e outros dois homens se apresentaram na 18ª Delegacia (Camaçari), foram ouvidos e liberados.
Na quarta-feira (23), a delegada Thaís Siqueira, titular da unidade 18ª Delegacia, disse ao CORREIO que câmeras do estabelecimento identificaram os suspeitos - as imagens estavam bem nítidas a ponto de mostrarem o momento em que Marcelo foi agredido e baleado.
Já nesta quinta-feira (24), a delegada tem se pronunciado através da assessoria de comunicação da Polícia Civil. Diante das evidências, o CORREIO perguntou se é o PM quem aparece atirando em Marcelo e até agora não obteve reposta.
Marcelo saiu de casa para encontrar com o namorado, mas o passeio terminou com ele sendo baleado quatro vezes e socorrido às pressas para o HGC. O motivo para tanta violência, segundo testemunhas, foi porque Marcelo beijou o namorado em um bar, o que deixou os três homens descontrolados.
De acordo com informações preliminares, o PM e os outros dois homens estavam dentro do bar onde Marcelo beijou o namorado. O local é frequentado habitualmente por policiais militares, uma vez que, o estabelecimento fica a poucos metros do 12º Batalhão da PM (Camaçari).
A Polícia Civil informou que equipes da 18ª Delegacia seguem com as investigaçõe. Em nota, a PC disse que “maiores informações sobre o avanço das apurações serão divulgadas ao término da investigação, para que a mesma não seja prejudicada”.
Pelo fato de haver um PM envolvido na tentativa de homicídio contra Marcelo, o CORREIO cobrou um posicionamento da Polícia Militar. Até agora não houve retorno.
Uma noite comum
O crime aconteceu por volta das 23h, em um bar no bairro Inocop, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Segundo os amigos da vítima, Marcelo vai ao local com frequência e, por isso, era para ser mais uma noite comum.
O crime aconteceu por volta das 23h, em um bar no bairro Inocop, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Segundo os amigos da vítima, Marcelo vai ao local com frequência e, por isso, era para ser mais uma noite comum.
“Ele e o rapaz estão se conhecendo, ainda não são namorados. Eles marcaram de se encontrar no bar e estavam trocando carícias quando os homens que estavam em outra mesa ficaram incomodados”, contou uma amiga da vítima que pediu para não ser identificada.
O ápice do incômodo foi quando Marcelo e o outro rapaz trocaram um beijo. Segundo as testemunhas, os três homens foram até a mesa em que o casal estava e agrediram eles, no começo, verbalmente. Marcelo argumentou que não estava fazendo nada de errado e que tinha direito de estar ali, o que enfureceu ainda mais os bandidos. Os criminosos agrediram os dois com socos e chutes, até que um deles sacou uma arma e baleou a vítima quatro vezes.
“Eu fui injustiçado. Nunca tinha me sentido intimidado, nem agredido fisicamente. Sinto muitas dores, estou todo machucado, mas a dor psicológica é pior do que a física”, contou Marcelo em entrevista ao CORREIO. Apesar da experiência traumática, ele disse que já conversou com o parceiro por telefone, após o ataque. “Não abalou a gente não”.
Os projéteis acertaram o braço e o abdômen de Marcelo, que foi socorrido às pressas para o HGC, onde permanece internado. Ele passou por cirurgia e o quadro de saúde é considerado estável.
O caso de homofobia é acompanhando pela Comissão de Diversidade Sexual e Enfrentamento à Homofobia, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), e pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Na terça-feira (22), o governador Rui Costa também condenou o ataque.
Bruno Wendel

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