PF aponta que desembargador vazou informações ao Comando Vermelho; veja detalhes
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| Divulgação/PF |
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, a Operação Unha e Carne 2 e prendeu o desembargador Macário Judice Neto, alvo da apuração sobre vazamento de informações sigilosas que teriam favorecido o Comando Vermelho. Segundo a PF, a operação investiga o repasse de dados protegidos.
A ação desta segunda é um desdobramento da operação que culminou com a prisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil).
Além do mandado de prisão preventiva, a PF cumpre dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
A ação se insere no contexto da decisão do STF no âmbito do julgamento da ADPF 635/RJ, conhecida como ADPF das Favelas, que, dentre outras providências, determinou que a Polícia Federal conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e suas conexões com agentes públicos.
Nesta nova etapa, o foco foi o desembargador responsável pela relatoria do caso envolvendo a relação de políticos com a facção carioca. Macário relata o processo envolvendo o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, que está preso por ligação com o CV.
Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Quem é o desembargador

Macário teria atuado para favorecer o grupo criminoso. De acordo com a coluna Lauro Jardim, do jornal O Globo, em 2023, o desembargador foi reintegrado e promovido ao cargo após 17 anos afastado da magistratura. Desde 2005, o juiz enfrentava sucessivas decisões que o mantinham fora do cargo, relacionadas a acusações de venda de sentenças quando atuava na Justiça Federal do Espírito Santo.
Seu primeiro afastamento foi determinado pelo próprio TRF-2, em novembro de 2005, em uma ação penal que apurava sua suposta participação em um esquema ligado à máfia dos caça-níqueis. Já em 2015, Macário acabou absolvido nesse caso, mas permaneceu afastado devido a um processo administrativo disciplinar (PAD) que tratava do mesmo tema.
Ainda segundo o colunista, o PAD, repleto de recursos e diversas disputas jurídicas, chegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em novembro de 2022, o prazo para julgamento acabou extrapolado. Por conta disso, foi determinada a reintegração do magistrado. Mesmo assim, ainda havia outra decisão de afastamento por improbidade administrativa, proferida pelo TRF-2.
Segundo o site da Universidaed Federal do Espírito Santo, Macário foi nomeado desembargador federal em maio de 2023, com indicação formal enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele era o primeiro nome da lista de antiguidade e assumiu o cargo em solenidade no gabinete da Presidência do TRF-2.
por Matheus Simoni

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