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'Ele não andava sozinho, era ciente dos riscos', diz amigo de jovem morto após ataque no Rio Vermelho

Leonardo Moura, 30 anos, foi espancado depois de sair de uma boate gay, na manhã do último sábado (9).


Andar sozinho - e a pé - não era um hábito do produtor Leonardo Santiago Moura, 30 anos. Mas Léo, como era conhecido, estava só quando foi espancado, por volta das 5h30 do último sábado (9), no Rio Vermelho. Para o administrador Francisco Ramos, 30, amigo de Léo, é possível que ele não tenha encontrado um táxi para ir para casa.O corpo do produtor foi sepultado às 11h desta terça-feira (12), três dias após a agressão, no cemitério do Campo Santo, na Federação. Léo não resistiu e morreu na madrugada desta segunda (11), no Hospital Geral do Estado (HGE), após sofrer uma parada cardiorrespiratória."Eu não estava com ele na noite, mas ele não estava sozinho. Estava com um amigo, que foi pra casa e ele estava também indo embora, mas eram direções opostas. Não sei o que aconteceu, não sei se ele não conseguiu encontrar um táxi", disse Francisco ao CORREIO.Segundo ele, o produtor não tinha amigas e costumava curtir de maneira segura. "Léo não tinha inimigos, ele nunca andava sozinho. Sempre curtia de forma saudável, em ambientes abertos ou fechados. Ele sempre andava de táxi, nunca andava a pé, era muito ciente dos riscos", afirmou.Oficialmente, a polícia diz que não descarta hipóteses — inclusive porque o celular do produtor de eventos não foi encontrado com ele. Contudo, outros pertences, como os óculos, o relógio e a carteira de identidade de Léo não foram levados. Para a família, trata-se de um crime de ódio, motivado por homofobia.
O crime
Antes de morrer, Léo passou dois dias internado no HGE. Ele deu entrada na unidade pela primeira vez  na manhã de sábado, depois de ser espancado no Rio Vermelho — uma das principais suspeitas é de que tenha sido vítima de  ataque homofóbico. Mais tarde, por volta das 10h, deixou o hospital. Só que não estava bem.

Horas depois, com queixa de dores e vômitos, voltou à unidade: foi imediatamente para o centro cirúrgico. Na operação, perdeu um rim. Já na madrugada de ontem, segundo o boletim do posto policial do HGE, Léo teve dispneia — que é a dificuldade para respirar. Morreu após uma parada cardiorrespiratória.

Velório de Leonardo comoveu amigos e familiares (Foto:Reprodução)
Ato contra a homofobia
Na próxima sexta-feira (15), a partir das 18h, um grupo de manifestantes vai se reunir para um ato em frente à boate San Sebastian, no Rio Vermelho, para protestar contra a homofobia. No evento criado no Facebook, movimentos e grupos como o Mães da Diversidade, Grupo de Pesquisa Cultura e Sexualidade (Cus), Marcha das Vadias, Coletivo Lesbibahia, Grupo Gay Das Residências, FamíliaS: de todos os jeitos e Coletivo kiu! já confirmaram presença.

Os participantes devem caminhar da casa noturna até a Igreja do Rio Vermelho para chamar a atenção para os casos deste ano. “Mais um jovem morto, e não pode ser mais uma estatística. Vamos nos reunir no Rio Vermelho (frente da boate gay) e marchar até a Igreja do Rio Vermelho, com palavras de ordem, protestos e performances, para evidenciar que Salvador é uma cidade que mata gays, lésbicas, trans, bis, mulheres cis e demais sujeitos vulneráveis”, dizem, no grupo.

Até o início da tarde desta terça-feira, mais de 1,9 mil pessoas tinham confirmado presença no evento, enquanto outras 2,1 mil também declararam que tinham interesse pelo evento.

Redação Correio 24h

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