Por 53 votos a 16, Senado aprova PEC do Teto em segundo turno
BRASÍLIA - Apesar da crise política, o governo Michel Temer
conseguiu passar no Congresso Nacional o principal pilar do ajuste fiscal
proposto pela equipe econômica. O Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira,
13, em segundo turno o texto-base da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do
Teto para os gastos da União, por 53 votos a 16. Foram rejeitados os destaques
que pediam retirada das áreas de Saúde e Educação da proposta e o reajuste
do salário mínimo. Veja como votou cada senador.
Em protesto contra a aprovação da medida, manifestantes foram à
ruas em diversas regiões do País. Em Brasília, um ônibus
foi incendiado na região da rodoviária.
A PEC já havia sido
aprovada em dois turnos no Plenário da Câmara dos Deputados com ampla margem de
vantagem. O placar desta terça foi inferior à votação em primeiro turno no
Senado, quando o Novo Regime Fiscal havia recebido 61 votos favoráveis e 14
contrários, o mesmo placar a favor obtido pelo base do atual governo no
processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Eram necessários 48 votos
pela aprovação da PEC, e o governo esperava pelo menos 60 votos favoráveis à
medida. Mas o quórum no Plenário do Senado hoje foi menor. Além disso, a
oposição conseguiu dois votos a mais do que na primeira votação. Assim, a
diferença caiu de 47 para 37 votos entre as duas votações.
Temer minimizou o apoio
menor à medida. "Quero esclarecer que a votação foi menor do que a
primeira, mas se deve ao fato de o presidente Renan ter antecipado a votação e
muitos senadores não terem chegado", disse Temer, em evento no Palácio do
Planalto, ressaltando que ele mesmo havia falado com vários parlamentares.
"Eu mesmo falei com vários que só chegaram agora", afirmou.
Antes da votação, 13
senadores debateram a PEC na tribuna do Plenário, sete a favor do texto e seis
contrários. Os parlamentares da base do governo defenderam a necessidade de se
realizar um ajuste nas contas públicas e acusaram os governos do PT de
realizarem um "aparelhamento do Estado".
O senador Ronaldo Caiado
(DEM-GO), rebateu a tese de que PEC do Teto cortaria os orçamentos da Saúde e
da Educação, e argumentou que a medida na verdade cria um piso para os gastos
nessas áreas. "Não há mais espaço para discursos bolivarianos que levarão
o Brasil ao caos", completou.
Já os senadores da
oposição citaram as citações a membros do governo Temer nas delações de
executivos da Odebrecht e pediram o adiamento da votação da PEC do Teto. Muitos
deles ainda pediram a votação de uma PEC por Eleições Diretas para a escolha de
um novo presidente da República.
"É mesmo surreal -
pela crise política que vivemos no País - estarmos aqui discutindo uma matéria
como a PEC do Teto. Vossas Excelências não leram os jornais", questionou a
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
A oposição chegou a pedir
na última segunda-feira, 12, à noite ao Supremo Tribunal Federal (STF) que
a votação da PEC do Teto fosse suspensa, mas o ministro Luís Roberto Barroso
negou o pleito. Um dos argumentos era de que seriam necessárias três sessões
deliberativas ordinárias do Senado, mas houve duas sessões extraordinárias e
apenas uma ordinária. Esse havia sido o terceiro pedido de mandado de segurança
contra a PEC, e todos foram negados pelo Supremo.
Saúde
e educação.
O Plenário do Senado rejeitou por 52 votos a 19 um destaque
que pedia que as despesas com as áreas de Saúde e Educação fossem retiradas da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que cria o teto para o crescimento dos
gastos da União. A PEC prevê que, a partir de 2018, os orçamentos das duas
áreas tenham como piso a variação do IPCA no ano anterior.
Retirada
do salário mínimo.
Também foi rejeitado por 52 votos a 20 um destaque que pedia
que o reajuste do salário mínimo fosse retirado da PEC que cria o teto
para o crescimento dos gastos da União. A proposta prevê que, em caso de
estouro do teto de despesas, não haja aumento real para o salário mínimo.
(Fonte: Estadão Conteúdo)


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