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Tenho de voltar a operar para me sustentar, mas ninguém me quer, diz Youssef

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
le foi condenado a mais de cem anos de reclusão, mas conseguiu ir para casa após três anos, depois de firmar um acordo de colaboração premiada com a Justiça.
O doleiro ficou quatro meses em prisão domiciliar e agora segue no regime aberto diferenciado com o uso de tornozeleira eletrônica. Precisa estar em casa das 20h às 6h, de segunda a sexta. Durante finais de semana e feriados, deve permanecer em casa.
Foi nos meses em que não podia deixar o apartamento que ele resolveu estudar o mercado de dólar futuro.
Youssef chama esse tempo de período de reciclagem, em que tomou conhecimento da rotina do mercado e se preparou para abrir uma conta e voltar a operar. Hoje ele passa o dia acompanhando o sobe e desce do dólar futuro na Bolsa, de onde tira seu sustento.
“Precisava arrumar alguma coisa para fazer. E o meu métier é o mercado financeiro. Decidi voltar a operar porque era o jeito mais fácil e mais rápido para poder me inserir na sociedade novamente”, diz ele.
A pequena sala tem um sofá de três lugares antigo, coberto por um tecido com furos em vários pontos, e uma mesa de bar dobrável com três cadeiras. Chama a atenção um notebook ligado a uma televisão LCD e a outro monitor.
Na parede ao lado da televisão, alguns santos de devoção de Youssef, como nossa Senhora Aparecida, foram colocados em uma prateleira alta. O doleiro sempre deixa flores e uma vela acesa, o que já escureceu um pouco a parede.
Com a condição de não tocar em assuntos relacionados à Lava Jato nem à política e de não ser fotografado, ele recebeu a reportagem em seu apartamento. Youssef tem a fala calma e olhos azuis profundos. Enquanto ele fala, gira os dedos polegares entre si.
Folhapress

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