Depoimentos de Ramos e Heleno contradizem Bolsonaro
Os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) disseram em depoimento, nesta terça-feira (12), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mencionou o nome da Polícia Federal ao cobrar relatórios de inteligência na reunião ministerial de 22 de abril. As declarações dos ministros conflitam com a afirmação do presidente de que não citou o nome da corporação.
Bolsonaro garantiu, nesta terça, em entrevista: "Não existe no vídeo a palavra Polícia Federal, nem superintendência. Não existem essas palavras". Segundo Ramos, o presidente "se manifestou de forma contundente sobre a qualidade dos relatórios de inteligência produzidos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Forças Armadas, Polícia Federal, entre outros".
De acordo com o ministro, Bolsonaro "acrescentou que, para melhorar a qualidade dos relatórios, na condição de presidente da República, iria interferir em todos os ministérios para obter melhores resultados de cada ministro". "Vocês precisam estar comigo", disse o presidente, segundo o depoimento de Ramos.
A mesma versão foi dada por Augusto Heleno. O chefe do GSI disse que, na reunião, Bolsonaro cobrou "de forma generalizada" todos os ministros da área de inteligência, "tendo também reclamado da escassez de informações de inteligência que lhe eram repassadas para subsidiar suas decisões, fazendo decisões específicas sobre sua segurança pessoal, sobre a Abin, sobre a PF e sobre o Ministério da Defesa."
O vídeo da reunião foi exibido nesta terça-feira na Polícia Federal em Brasília. O material faz parte do inquérito que tramita no Supremo sobre as acusações que Moro fez a Bolsonaro de interferência na Polícia Federal. Após apuração da PF, a PGR avalia se haverá acusação contra o presidente. Caso isso ocorra, esse pedido vai para a Câmara, que precisa autorizar sua continuidade, com voto de dois terços.
Em caso de autorização, a denúncia vai ao STF —que, se aceitar a abertura de ação penal, leva ao afastamento automático do presidente por 180 dias, até uma solução sobre a condenação ou não do investigado. /Por: Redação BNews
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