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Como bilhões de reais do SUS acabam em hospitais privados sem que você saiba

 

Divulgação / Freepik

Os hospitais particulares do Brasil recebem cerca de 30% das emendas de atendimentos especializados, segundo informações de o portal Uol. Tal investimento passou a ser utilizado em 2019, com o início da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e segue no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, diferente dos centros públicos de saúde, estes outros não contêm tanta transparência sobre o uso dos recursos financeiros.

Entenda como funciona

Profissionais de hospitais públicos direcionam os pacientes, muitas vezes, para atendimentos especializados em redes privadas, devido à falta de estrutura ou sobrecarga envolvendo unidades que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  

Em relação aos valores, o aporte direcionado para atendimentos via SUS foi de R$ 40 bilhões entre 2019 e 2024 – valor legalmente aceito para instituições públicas. Para as  privadas, as mais beneficiadas foram as Santas Casas, com R$ 2 bilhões, e a Fundação Pio XII, com quase R$ 1 bilhão.

"Os repasses são feitos inicialmente aos fundos estaduais ou municipais de saúde, que aparecem como beneficiários formais. Isso pode gerar a falsa percepção de que não há transferência de recursos para o setor privado, quando, na realidade, há. Como consequência, compromete-se a transparência e limita-se a fiscalização pela sociedade", disse o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Filipe Cavalcanti, na reportagem.

O levantamento do instituto mostrou também que hospitais evangélicos e espíritas passaram a contar com maiores investimentos no período, partindo de R$ 9,5 milhões para R$ 45,6 milhões. No geral, o aporte aplicado foi de R$ 128 milhões no período

Entretanto, especialistas analisam disparidades nos repasses, visto que houve privilégios para alguns municípios, enquanto outros não receberam nada. Os estados com maiores verbas per carpita são: Alagoas, Piauí, Roraima e Amapá. Além disso, apontam possíveis verbas extras, utilizadas para benefícios políticos. 

"A melhor saída seria adotar maior rigidez na definição desses limites, para evitar que alguns municípios recebam valores muito superiores ao repasse regular do ministério", disse Cavalcanti, na reportagem. 

por Vagner Ferreira

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