Enterrado corpo de auxiliar industrial morto em assalto a ônibus
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| Alexandre estava indo fazer prova quando foi morto dentro do ônibus (Foto: Reprodução) |
Com a missão de apoiar a esposa e as duas filhas, o jardineiro Antônio Jorge Silva, 60 anos, precisou ser forte, na manhã desta sexta-feira (26), durante o sepultamento de seu filho mais velho, o auxiliar industrial Alexandre de Jesus Silva, 28, morto durante um assalto a ônibus no bairro de Nazaré, na noite de quarta-feira (24). Embora o olhar refletisse tristeza, era notável o esforço que fazia para parecer uma fortaleza na frente das mulheres da casa, diante do que ele chamou de "pior momento da vida".
Sob comoção, o corpo do auxiliar industrial foi enterrado no Cemitério Quintas dos Lázaros, com a presença de cerca de 150 pessoas, entre amigos e familiares. Durante a cerimônia, a mãe de Alexandre precisou ser amparada em diversos momentos, mal conseguia ficar de pé. A todo momento gritava e chorava chamando pelo filho. "Meu filho, meu filho, pelo amor de Deus, deixem eu ficar com ele", dizia, trêmula. A cena comoveu a todos em volta.
Os amigos se dividiram para tentar confortar a família da vítima. "Um abraço é o mínimo que podemos fazer numa tragédia assim", pontuou a aposentada Carmen Pessoa, 63, que falou sobre como Alexandre era um rapaz querido por todos em Alto de Coutos, bairro onde nasceu e foi criado.
Os amigos se dividiram para tentar confortar a família da vítima. "Um abraço é o mínimo que podemos fazer numa tragédia assim", pontuou a aposentada Carmen Pessoa, 63, que falou sobre como Alexandre era um rapaz querido por todos em Alto de Coutos, bairro onde nasceu e foi criado.
Irmãs do jovem, as gêmeas Fabiana e Fernanda de Jesus Silva, 21, não se conformavam com a despedida. "Se eu soubesse que isso ia acontecer, na hora que ele saiu, teria puxado ele pela camisa", disse uma delas, aos prantos. A outra, não menos abalada, narrava os últimos momentos de Alexandre em casa. "Ele chegou do trabalho, tomou banho e foi descansar. Eu pedi pra ele não ir, mas ele falou que tinha que fazer a prova, senão teria que pagar", lembrou a outra irmã.
Pelo menos dois ônibus foram alugados pelos parentes para que o máximo de pessoas pudessem prestar as últimas homenagens ao jovem, que era torcedor do Bahia. "Ele não viu o Bahia ser campeão do Nordestão. Morreu vestindo a camisa", comentou um ex-colega de escola, Marcos Santos, 29.
Assaltado seis vezesEm entrevista ao CORREIO, Antônio Jorge contou que o primogênito já havia sofrido investidas de bandidos outras seis vezes. Segundo ele, no último assalto, ocorrido há oito meses, o ladrão chegou a atirar em Alexandre. "Ele tinha saído pra trabalhar, por volta das 4h30, quando um homem abordou ele e pediu a mochila. Quando disse que só tinha uma marmita dentro, aí o ladrão viu o celular e atirou duas vezes, mas a arma falhou”, lembrou o pai.
Auxiliar industrial na mesma empresa há três anos, Alexandre pretendia crescer profissionalmente. Há um ano, fazia um curso de Segurança do Trabalho na Eteba, em Nazaré, e pegava a mesma linha todos dias para ir de Alto de Coutos, onde morava, até o Centro da Cidade.
O trauma de já ter sofrido muitos assaltos pode ter motivado o estudante a tentar esconder o celular, segundo o pai. “Ele entregou o celular para o cobrador, que ele já conhecia, e os caras não viram. Quando já estavam descendo do ônibus, o cobrador devolveu o celular, os bandidos voltaram e, com raiva, atiraram”, contou o jardineiro, emocionado. Alexandre foi baleado duas vezes e morreu no local.
Prima de Alexandre, a jornalista Marília Cristina Silva, 34, espera que o crime seja resolvido com brevidade e que a justiça seja feita. “O triste de tudo isso é a gente saber que um familiar nosso, que era trabalhador, que nunca fez nada errado, que não era um pai de família, mas era primo, sobrinho, neto, morreu e que quem matou não vai ficar preso, porque a nossa justiça não existe, eu não acredito”, desabafou ela.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as câmeras do ônibus, que podiam ter registrado a ação, estão quebradas. Em contato com o CORREIO, a Polícia Civil informou que não tem novidades nas investigações. (CORREIOS 24 HS)

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