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Com novo capítulo do caso sítio, Lula tem nova vitória na série de embates com Lava Jato
Com novo capítulo do caso sítio, Lula tem nova vitória na série de embates com Lava Jato
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Divulgação / Assessoria TRF4 |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu mais uma batalha, ainda que temporariamente, na sequência de embates que trava com a Operação Lava Jato.
O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Leopoldo de Arruda Raposo, a pedido da defesa do petista, suspendeu um julgamento marcado para esta quarta-feira (30) no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) que tinha a concordância do Ministério Público Federal e a contrariedade de Lula.
Os juízes da corte regional analisariam uma questão referente ao processo do sítio de Atibaia (SP) que poderia anular a condenação de Lula nesse caso em primeira instância.
A própria Lava Jato havia se manifestado a favor da anulação da sentença, em razão de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pela qual réus delatados têm direito de falar por último, depois dos réus delatores, para terem a chance de se defender de todas as acusações.
A defesa de Lula, porém, via no julgamento a tentativa de retroceder a ação apenas à fase de alegações finais na primeira instância (momento anterior à sentença), enquanto seu objetivo é a anulação do processo inteiro.
O petista foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que julga as acusações de desvio e corrupção na Petrobras.
A pena foi fixada em 12 anos e 11 meses de prisão pela juíza substituta Gabriela Hardt, em fevereiro deste ano. A decisão ainda não foi analisada em segunda instância.
Nos últimos meses, Lula obteve outras vitórias na Justiça.
Em agosto, a tentativa da Polícia Federal de transferi-lo para um presídio comum de São Paulo foi barrada pelo plenário do STF (Supremo Tribunal Federal).
Depois, a decisão do Supremo sobre a ordem das alegações finais acabou indiretamente referendando um dos argumentos usados pela defesa de Lula —em oposição a métodos da Lava Jato.
Nas próximas semanas estão previstos outros julgamentos de interesse dos dois lados: a solicitação do regime semiaberto de Lula (defendida pela Lava Jato e rejeitada pelo petista), a suspeição do ex-juiz Sergio Moro (pedida pelo ex-presidente) e a conclusão da análise do STF sobre a prisão após condenação em segunda instância, antes de esgotados todos os recursos (que pode resultar na liberdade de Lula).
No processo do sítio de Atibaia, a análise do TRF-4 trataria da ordem de apresentação das alegações finais no processo, apesar de esse julgamento no STF ainda não ter sido concluído —os ministros ainda farão a avaliação do alcance da decisão.
Mesmo sem a palavra final do Supremo, mas com já base nesse recente entendimento, a corte regional agendou a análise de ofício —sem pedido direto da defesa ou do Ministério Público Federal.
Lula, porém, está preso pela condenação no processo do tríplex de Guarujá, decisão confirmada em segunda (TRF) e terceira instâncias (STJ). Assim, uma eventual anulação da sentença do caso do sítio não mudaria neste momento a sua situação como preso.
O STF ainda deve concluir seu julgamento sobre a execução da pena após condenação em segunda instância —outra bandeira da Lava Jato. A retomada será no dia 7 de novembro. Esse caso também pode beneficiar Lula.
No STJ, a decisão liminar de Raposo é de segunda-feira (28), mas só foi publicada nesta terça-feira (29). O ministro substitui na corte Félix Fischer, ministro relator de recursos da Lava Jato no tribunal, que está afastado por motivo de saúde.
A defesa de Lula também havia pedido ao STF um habeas corpus para a suspensão do julgamento no TRF-4 nesta quarta-feira, com os mesmos argumentos apresentados ao STJ.
O pleito seria analisado liminarmente pelo ministro Edson Fachin. Com a decisão do STJ, contudo, esse pedido ficou prejudicado, conforme informou a defesa de Lula a Fachin.
Os advogados do petista não queriam que a questão de ordem, que poderia levar a uma nulidade parcial do processo, fosse analisada antes da própria apelação (recurso contra a decisão de primeira instância) que foi levada ao TRF-4.
A apelação é mais ampla e questiona a imparcialidade de procuradores e Moro —hoje ministro de Jair Bolsonaro e que, como juiz, foi responsável por parte do processo.
Segundo a defesa do ex-presidente, a 8ª Turma do TRF-4 deveria ainda analisar a apelação de Lula respeitando a ordem de chegada dos recursos no colegiado. Segundo os advogados, havia 1.941 processos na frente do de Lula no colegiado.
"O desembargador federal João Pedro Gebran Neto [relator do processo], do TRF-4, decidiu de ofício, e sem amparo legal, incluir em pauta para julgamento em questão de ordem, no próximo dia 30.10.2019, apenas uma das várias questões prejudiciais de mérito, e, ao fazê-lo, selecionou aquela que anula o processo em menor extensão", afirmou a defesa ao STF.
A peça é assinada por Cristiano Zanin Martins e outros nove advogados.
Segundo a decisão liminar de Raposo, do STJ, o encaminhamento dado ao caso pelo TRF-4 causou, em uma análise preliminar, "uma inversão da ordem lógica do compasso procedimental da apelação, o que pode dar ensejo a indevida vulneração de princípios de ordem constitucional, especialmente por haver teses levantadas em sede de razões recursais e, eventualmente, até pela própria acusação, que teoricamente seriam mais abrangentes do que a questão de ordem pautada pelo tribunal de origem [o TRF-4]".
Procurada, a Procuradoria-Geral da República não informou até a noite desta terça se pretendia recorrer.
Em outra frente da defesa de Lula, o STF também ainda vai julgar um pedido de suspeição de Moro. A previsão é que o caso seja analisado em novembro.
Reynaldo Turollo Jr., Folha
Com novo capítulo do caso sítio, Lula tem nova vitória na série de embates com Lava Jato
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08:15
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